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Manga Lima

Manga Lima

19
Out23

A gente vai continuar

Manga Meia-Loira

Enquanto houver estrada para andar a gente vai continuar. Já dizia Jorge Palma e é verdade. Mesmo em dias como o de hoje. Mesmo com tempestades de chuva, mesmo com tempo péssimo, mesmo com trânsito infernal, mesmo com filas intermináveis, mesmo com todos os problemas de quem tem de usar um comboio, mesmo com todos os problemas de quem trabalha tão longe de casa, mesmo com planos furados à última da hora, mesmo que nos troquem as voltas e nos obriguem a desmarcar tudo e remarcar tudo, mesmo que demoremos quase duas horas a chegar a casa, mesmo quando bufamos, mesmo quando só nos apetece dizer plavrões, mesmo quando só nos apetece chorar, mesmo quando nos perguntamos se ainda faz sentido continuar a trabalhar tão longe, mesmo que nos perguntamos o que ainda estamos lá a fazer. Amanhã há mais. Até quando? Não sei. Mudamos para mais perto? Um dia, certamente. Já, daqui a umas semanas, daqui a uns meses, daqui a uns anos? Não sei. Enquanto houver estrada para andar a gente vai continuar. Amanhã a rasgar mais uma vez todas as curvas da autoestrada. 

13
Ago23

O que é que ainda estou lá a fazer?

Manga Meia-Loira

Há dois anos atrás, no início de 2021, abracei de corpo e alma um desafio profissional que muito rapidamente se tornou num pesadelo. Não encontro outra forma de o dizer, e a verdade é que o entusiasmo e a confiança com que entrei naquela empresa se esfumaram à velocidade da luz. Em poucas semanas já não conseguia comer normalmente, dormir, descansar e viver. Foram quase três meses de um processo duríssimo. Saí e calmamente voltei à base, no meu caso à advocacia. Fui recuperando lentamente e voltei a sentir-me em paz no trabalho. 2021 foi passando e em setembro, quando eu menos esperava e imaginava, ligam-me. Era um novo desafio, desta vez na administração pública como eu queria, mas (há sempre um mas, não é?!) longe de casa. Aceitei. Nem tive tempo de refletir, e fui sempre na premissa de ficar se e enquanto fosse feliz. Na pior das hipótese voltaria à minha base. Também aceitei na condição de continuar a viver em casa e de manter aquilo que tinha onde vivo. Nunca esteve na equação mudar de cidade. Quase dois anos depois, o que posso dizer? Fui muito feliz, que fui, fui recebida de braços abertos e muitíssimo bem acolhida como não esperava, gostei muito do tipo de trabalho que fiz, encaixei lindamente na belíssima equipa que me calhou, e tive uma sorte imensa com a equipa, encontrei boas chefias e pronto. Foi sendo assim, e foi por tudo isto e em nome de tudo isto que fui ficando. Que estou lá ainda agora, tanto tempo (e viagens e quilómetros e comboios) depois. É óbvio que nem tudo foi fácil e que a logística das viagens é dura, e é óbvio que muitas vezes bufei e barafustei, mas apenas por causa da distância. E, no fim, tudo valia a pena. O que mudou? Desde julho mudou tudo. Tivemos que mudar de edíficio por força do enorme aumento que a equipa vai ter. Tivemos que mudar a estrutura orgênica também por isso. Perdemos dois elementos fulcrais com esta reestruturação. Vamos receber um batalhão de gente. Pelo meio tenho sentido muito, com pena minha, que o que havia de mais bonito se foi quebrando. O sítio lindo onde estávamos, o núcleo duro e espetacular que éramos, a nossa forma de ser, estar, trabalhar, a forma de encarar o trabalho e mais uma série de coisas. Pelo meio, sou neste momento "o tolo no meio da ponte". Fiquei sempre, fará daqui a pouco dois anos, porque quis e por gosto. Não imaginava ficar tanto tempo quando fui, mas a verdade é que senti que aquele era o meu lugar. Tanto que não me voltei a candidatar a mais concursos públicos, e abriram concursos para vagas ao lado da minha casa. Mas agora não. Agora sinto que aquilo que me ligava - e dava sentido a todo o esforço das viagens, do tempo dispendido e do cansaço - desapareceu. Se calhar foi desaparecendo. E a verdade é que, quebrando-se aquilo que fazia tudo valer a pena, então ganho tempo, dinheiro e qualidade de vida ao trabalhar ao lado de casa. Lá está, o que me fez ficar apesar de todos os pesares da distância foi um conjunto de coisas que no entranto se foram esfumando. Que com estas mudanças recentes deixaram de existir. Ainda não tive a coragem de assumir que quero mudar e de tentar efetivamente uma mudança, mas tenho uma certeza. Se as coisas se mantiverem como estão, então eu quero sair. Por mais receios que uma mudança possa provocar, se tudo ficar como está neste momento então que quero ir embora o mais rapidamente possível. Vamos ver, pensar e avaliar, mas nos próximos tempos e nos próximos meses tenho que me decidir.

10
Ago23

A cada despedida

Manga Meia-Loira

A vida é muitas vezes irónica e deixa-nos nas mãos os desafios mais difíceis.
Quis ela que eu, a pessoa que tudo o que mais queria era ficar para sempre pertinho da família e da casa, tivesse de lidar com uma família que foi viver para o outro lado do Atlântico.
Ora, isso leva a várias chegadas e partidas, minhas e deles, e a todas as lágrimas e dores e saudades que se possa imaginar.

E pronto, cabe-me muitas vezes a mim deixar o aeroporto sozinha e em lágrimas depois de os levar. 
Passaram-se anos e anos, mais de dez anos.
Não fica mais fácil, nem mais simples, nem mais nada. 
A cada despedida ficam as lágrimas, o coração pequenino e apertadinho, e saio sempre de lá com o maior vazio do mundo.

Poderiam passar-se vinte anos que acho que seria igual. 
Poucas coisas na vida me custam mais do que sair daquele aeroporto sozinha depois de os deixar.

Eles hão-de voltar, e espero que um dia isto sejam memórias de um tempo longínquo. Mas mesmo assim desconfio que este sentimento de vazio que fica na hora da partida dificilmente será esquecido.

01
Jun23

Preciso de...

Manga Meia-Loira

Preciso de férias. Preciso muito de férias. Já falei em... férias? E já agora também preciso de um bom namorado. E preciso de calma no trabalho e de menos trabalho. Preciso de mais tempo com amigos.  Preciso de tempo com a família. Preciso de férias. Já falei em férias? Levemmmm-meeeee.

31
Dez22

Para 2023

Manga Meia-Loira

Para 2023 os desejos são, essencialmente, os mesmos dos últimos anos.

Que continuemos a viver em paz por aqui e que haja paz no mundo.

Que todos os meus tenham saúde, vida, sonhos e projetos.

Que os meus regressem definitivamente para aqui e para perto de mim.

Que o projeto de negócio dos meus continue e se concretize e materialize.

Que consigamos fechar a venda que ficou pendente este ano.

Que eu consiga teletrabalho ou, então, a coragem para mudar.

Que eu consiga encontrar um amor - o amor - e que esse amor seja aquilo que espero e mereço.

Siga para 2023!

29
Dez22

O (des)governo a que vamos assistindo

Manga Meia-Loira

Não aprendemos nada com o passado, nomeadamente com a era Sócrates, e demos uma maioria absoluta a Costa. Senti, logo na noite em que a maioria se confirmou, que tínhamos cometido um erro crasso e que nos iria sair muito caro. Nunca imaginei - ninguém poderia imaginar - que o desgoverno fosse acontecer logo desde o início, a esta velocidade e com as dimensões que tem atingido. São escândalos e demissões sucessivos e intermináveis, sempre acompanhados de uma crónica incapacidade de assunção de culpas, e de uma arrogância e sobranceria sem paralelo. Tudo isto nos deve envergonhar a todos. Sou profundamente apaixonada por Portugal, mas neste momento todos temos motivos para sentir vergonha. Duas notas: à oposição, de quem se exige que deixe de ser branda e se espera que se saiba constituir como alternativa, o que não tem acontecido; ao Presidente da República, de quem se exige (e tem que se exigir) que reflita sobre este rol de acontecimentos, saiba dar os devidos cartões vermelhos e tirar as devidas ilações.

 

07
Out22

Nos últimos tempos

Manga Meia-Loira

Tenho andado cansada. Desgastada. De repente ficámos com o trabalho de uma colega em mãos e o cenário não é bonito. Esta semana estive de férias e tentei desligar. Comprei um carro e estou à espera que chegue. Preciso de teletrabalho mas estou num sítio onde torcem o nariz a isso. Decidi que no próximo mês vou de comboio para o trabalho. Estou cansada de trabalhar longe de casa. Fez um ano que estou neste trabalho. Gosto das pessoas e do trabalho em si, mas a distância pesa. Andei muito agitada a ver carros e perdi horas e horas a conversar sobre isso e a escolher. Tenho-me sentido mais sozinha, sobretudo no sentido em que sinto que tenho de tomar conta de tudo e de todos. Aproveitei estas férias para sair, almoçar fora, lanchar fora, ir à praia, meditar e mais umas coisas. Espero que os próximos tempos sejam mais calmos que o esperado. 

29
Ago22

Foram 27, agora são 28

Manga Meia-Loira

Termino hoje os 27 e começo os 28.

Olhando para este ano que passou, só me posso mesmo sentir grata. Pouco depois do início, em setembro do ano passado, chamavam-me para uma aventura profissional que eu queria muito e que não esperava. Foi essa aventura, que começou logo no início de outubro, que acabou por dominar o meu ano e que encheu muito a minha vida. Ganhei um novo desafio profissional, ganhei uma nova cidade, ganhei uma chefia e colegas fantásticos, que superaram as minhas melhores expectativas, ganhei um gosto ainda maior pela área em que trabalho... o que dizer mais?! Nem eu poderia imaginar, naquele início, que aquele lugar estava, afinal, desenhado para mim e à minha espera, como se sempre chegássemos aonde nos esperam. Às vezes chegamos mesmo, e isso afinal pode aplicar-se ao trabalho. Pelo meio superei-me, cresci, aprendi, derrubei murros, deixei cair preconceitos e ideias feitas, saí da zona de conforto, desafiei-me, saltei sem rede de segurança e aprendi que sim - surpresa! - pode correr bem. E pronto, o meu ano andou muito à volta desta novidade profissional boa e ainda bem. Para lá do trabalho, tudo o resto se manteve. Não houve acontecimentos nem novidades de destaque, não houve assim nada de especialmente feliz ou triste. Tive saúde e paz, os meus também e o ano foi-se fazendo. Os meus (ainda) não voltaram, o amor (ainda) não aconteceu a sério, fui "tia" do bebé mais fofo do mundo, fui a dois casamentos, ganhei colegas de trabalho que se tornaram mesmo amigos, fiz inúmeras viagens, percorri centenas de vezes a autoestrada que me liga ao trabalho, vi o sol nascer e pôr-se pelo caminho, andei imensas vezes de comboio, descobri sítios novos para almoçar na cidade onde trabalho, resmunguei muito e também sorri muito (pois claro!) no trabalho e o ano fez-se assim.

Sobre o que está por vir: não sei bem e também já não me atrevo a fazer grandes pedidos ou ter grandes expectativas. Aliás, há um ano escrevi um texto sobre o que queria para os 27 e não mencionei, curiosamente, absolutamente nada sobre trabalho. Para depois ter um ano (bom) centrado nesse tema. Assim, decidi que este ano não refiro nada sobre desejos ou expectativas. Daqui a um ano volto a fazer contas, mantendo aquilo que já tenho de melhor - assim o espero - e num outro tempo pessoal e íntimo - assim o espero igualmente.

E nãoooo me digam que estou perto dos 30 que dentro de mim há - mesmo! - olhares assassinos.

 

28, siga que eu estou pronta!

12
Ago22

Sonhos e (des)amor

Manga Meia-Loira

Não sei se foi por ter estado com ele no dia anterior ou por me terem falado dele ontem, não sei se foi só de mim ou não, mas esta noite sonhei com o (des)amor que me ocupou a vida há já muito tempo. Houve uma altura em que sonhava mais. Depois houve a conversa que me esclareceu, o tempo, a distância e já não me lembrava de sonhar com ele. Esta noite sonhei outra vez e foi ainda mais estranho. Estava em casa, sossegada, com os meus, e de repente estava a falar com ele ao telemóvel e a marcar um jantar só a dois. Um jantar romântico, presumo. Vi-me a escrever num papel a hora e tudo, e até já sabíamos qual era o restaurante (escolhido por mim, claro). Tudo com a maior naturalidade. Como se nos estivéssemos a conhecer mas no sonho também já nos conhecíamos há muitos anos. Só fiquei espantada com a naturalidade com que, de repente, estávamos a marcar um jantar a dois para o dia seguinte. Passaram-se anos desde a conversa que me fez perceber que não íamos "viver felizes para sempre". Anos desde que percebi que nós éramos uma porta fechada. A pancada foi forte, fortíssima até. Passou muito tempo. Nunca nos cortamos da vida um do outro porque há todo um grupo de amigos em comum. Mas passou muito tempo, a vida dele mudou, e eu fui recuperando. Recuperei sobretudo a paz que tinha perdido pelo caminho. Voltei a sentir-me inteira depois de ter ficado com o coração em tantos pedaços. Ele acabou por estar menos presente e isso ajudou. Não cortamos mas vamos conseguindo conviver de forma muito normal e saudável, e já não me perturba nada estar com ele ou saber dele. Estranho é que, bastou falarem-me dele ontem e fazerem-me recordar toda a história, para eu sonhar que íamos jantar a dois como se estivéssemos a iniciar um relacionamento. É verdade que nunca mais encontrei ninguém que me tocasse o coração ou com quem eu sonhasse um "felizes para sempre". Mas, honestamente e tanto tempo passado, não acho sequer que isso tenha que ver com a história que tive com ele. Simplesmente não aconteceu até agora... mas nem sequer posso dizer que seja porque ainda gosto dele ou por causa dessa história do passado. Vou ter sempre um carinho grande por ele, e nunca esquecerei a história que vivi com ele, até porque faz parte da minha própria história. Mas acho, e acho mesmo porque caso contrário não o escreveria, que isso está guardado no seu devido lugar dentro de mim e já não me impede de viver normalmente o presente. Daí que ainda perceba menos este sonho, quando tu parece estar no seu devido lugar. Enfim. O coração lá terá razões que a razão desconhece e eu sou muito (mas muito mais) razão que coração. 

30
Mar22

E então é quando percebes que és feliz ali

Manga Meia-Loira

Estou há quase seis meses a viver uma nova fase profissional. Com muito de bom, apesar de todos os quilómetros diários e da distância. Sempre fui grande defensora da ideia de que no dia de anos ninguém devia trabalhar. Chegou agora a altura de marcar as férias todas (as que transitaram do ano passado e as deste ano). Vou fazer anos a uma segunda. No fim de contas percebi que nem queria tirar o meu dia de anos de férias. Podia. Sempre fui apologista disso. Mas não me fez tanto sentido quanto isso. Porque, na verdade, gosto daquelas pessoas. Gosto daquele espaço. Eles já são parte de mim. Eu já sou parte deles. Já pertenço àquele sítio e àquelas gentes. Eles já me pertencem. Quase meio ano depois, sou parte da mobília e a mobília já é parte de mim. Fazendo anos a uma segunda e não tendo planos propriamente espetaculares, fez-me todo o sentido ir lá e estar ali naquele dia, com aquelas pessoas. Partilhar parte do meu dia com eles. Ali. E então percebi muito mais. Percebi que isso é um sinal de que, no fim de contas, sou feliz ali. Foi a conclusão mais bonita que podia ter tirado deste momento de marcação de férias. Que seja sempre assim. Em princípio lá trabalharei, levarei bolo e deixarei que me cantem os parabéns e celebrem comigo. Só não prometo ser produtiva, mas isso nem sempre (ou nem todos os dias) tem de ser a variável mais importante ou mais prioritária. Se for feliz (se formos felizes), no final de contas seremos sempre mais produtivos. 

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