Dói agora
Dói agora e é tudo. Dói agora o que foi. Dói agora o que poderia ter sido e não foi. Dói agora o que poderá ser e não será. Dói agora tudo o que se perdeu e o que se irá perder. Dói agora tudo o que poderia ser agora. Quatro. Mais de quatro, e quatro já é muito (tanto!) tempo. O tempo que dói e doerá. E por doer tudo isso dói (tanto!) o futuro. E por doer tudo isso põe-se tudo em causa: questiona-se a vida (porque dói), questiona-se o amor (porque o coração dói e fecha), questiona-se a família (porque é o que dói acima de tudo) e questiona-se o futuro (porque dói o presente). Dói e dói viver a sentir que não se tem para onde ir nem o que fazer, tal como no poema.