Verão - 2017
O solstício de verão foi ontem. O ano já vai a meio. Só há bocado consegui realizar isto. E sinto-me a viver no meio de uma indecisão e de várias incertezas que me tem deixado pensativa. Tenho mesmo que saber aquilo que quero fazer, ou por onde quero seguir caminho - e é tão mas tão difícil! Está a ser. De um lado tenho a certeza e a confiança que só permanecer em casa nos permite ter - com um futuro mais incerto, com dúvidas (muitas), com receios, mas com a tranquilidade que só o continuar naquilo que já é nosso dá. Ficar significa saber com aquilo que conto, mas também implica pensar que caminho é que poderei depois seguir... e quando o começo. Do outro lado está experimentar um sítio novo, com pessoas novas e novo ambiente - é ir à aventura e tentar descobrir o que encontro. Com mais certezas de futuro e de caminhos mas, lá está, estando quase em casa não estou propriamente em casa. Significa não saber com o que conto e poder não gostar de nada, significa descobrir sítios, pessoas e coisas. Significa assumir o compromisso de fazer quilómetros e quilómetros incontáveis, aventurar-me naquilo que não é "casa", cair num sítio onde não sei o que vou encontrar e, provavelmente, ter um futuro que sendo - na essência - aquilo que quero, torna menos provável estar tão em casa quanto gostaria. É um cruzamento do qual me está a ser difícil - incrivelmente difícil - sair. E porquê? Porque começo a estar cansada de tanto estudo, porque quero novas coisas, porque preciso infinitamente de outros objetivos e de outras dimensões na vida que não passem pelo eixo "estudo-trabalho", porque quero que a minha vida venha a ser muito mais que trabalho, porque quero que o trabalho seja importante mas seja só uma das coisas importantes entre outras que são prioridade. Porque quero ter tempo para aproveitar as pessoas, porque quero ter tempo para estar em casa no verdadeiro sentido da expressão, porque quero ter fins-de-semana, porque quero ter feriados, porque quero ter serões. Porque quero ter tempo para cheirar a terra e as flores, porque quero ter tempo para olhar a vista da varanda, porque quero ter tempo de ver televisão, porque quero ter tempo para ler, porque quero ter tempo para jantar, porque quero ter tempo para ir ao cinema. Porque quero - desesperadamente - saber que fecho uma porta e tudo o que é trabalho acaba ali. Ficar permite-me estar tão em casa quanto quero mas pode não me permitir ter este tempo. Ir pode permitir-me este tempo (ou não) mas não é estar tão em casa quanto quero. Dramas de uma vida aos 22 anos. Claro que a somar a isto há os dramas do coração teimoso, os dramas da família (e que também me deixam esgotada) e tudo o resto.