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Manga Lima

Manga Lima

27
Jul18

26 de Julho de 2012, 6 anos depois

Manga Meia-Loira

Passaram-se seis anos desde aquela manhã de Julho em que tudo se começou a desmoronar à minha frente. Uma manhã normal, uma consulta numa cidade diferente e duas viagens de comboio. Mais um dia simples de Verão, pensava eu na minha inocência. Depois atravessamos aquelas ruas, já no fim da consulta, e lembro-me vagamente de tudo. Das ruas, das linhas do elétrico, dos semáforos e de tudo o que comecei a ouvir sem querer acreditar. Lembro-me de eles começarem a dizer que queriam ir embora para outro país, lembro-me de ter dito em voz sumida e apagada para evitar um grito que "eu tenho um curso para fazer AQUI", e só não adicionei palavrões porque não fazem parte de mim. Lembro-me levemente de tudo e ainda não imaginava nada do que se seguiria. Quando chegamos à estação de comboios para voltar já só conseguia verter lágrimas e já não tinha voz. Lembro-me de passar a viagem de volta toda em silêncio e com lágrimas a caírem-me ininterruptamente pela cara. Lembro-me que eles foram continunando a falar e lembro-me ainda mais do estúpido do slogan que estava colado pelo comboio todo "Próxima paragem: mudar a sua vida". Estúpido e mais irónico que estúpido. Nunca a CP conseguiu um slogan que se adequasse e impregnasse tanto a um momento da vida de alguém como aquele, naquele dia e naquele momento. Soube, nas ruas daquela cidade e entre aqueles semáforos, que a vida como eu a conhecia estava a acabar ali. Dezassete (quase dezoito) anos de uma vida tranquila e de uma família que era a definição de amor. Dezassete (quase dezoito) anos e todos os sonhos do mundo a ruírem. Dezassete (quase dezoito) anos e eu a ficar sem chão e sem a família. Não é todos os dias que um pai e uma mãe nos anunciam que vão viver para uma cidade do outro lado do oceano... que só por acaso é o último sítio onde algum dia viveríamos. Mas aconteceu e aconteceu naquele dia. Aquela menina que naquele dia ouviu aquilo não imaginaria a força que teria de ter para sobreviver. Dessa menina ainda tenho a essância mas pouco mais resta. Tem sido seis anos duros demais, e se cresci muito mais que aquilo que poderia ter imaginado também sofri muito mais que aquilo que cresci. Seis anos depois estou desgastada e exausta, cansada de levar com tudo e com o mundo inteiro sozinha. Frágil e vulnerável como nunca me conheci, acho que acima de tudo é isso. Estes seis anos tem sido a maior prova de fogo que a vida me poderia ter dado e tem testado a minha fragilidade ao limite. Perdi a vida que tinha mas ganhei em humanidade e humildade. Tenho percebido claramente, por força de tudo o que me dói, que aquilo que é verdadeiramente importante na vida são as pessoas que nos tocam o coração. Tudo o resto é completamente desnecessário. Com amor movemos o mundo e temos força para o reconstruir tantas vezes quantas as que forem preciso. Com saudades que doem somos uma sombra de um passado feliz à procura de bocadinhos de esperança no futuro. Eles hão-de voltar e só aí eu poderei começar a fazer as pazes com estas feridas e deixar que elas cicatrizem. Até lá sobreviverei, em nome da réstia de esperança que tenho no futuro e nesse regresso... mas as feridas estão abertas e lembram-me que aquilo que é importante é o amor. Só isso. Para nunca me esquecer da frase que diz que o amor é o que nos salva. Continuarei ferida, profundamente ferida, mas sempre à procura de amor para sossegar a dor.

17
Jul18

Sobre estes dias II - Música

Manga Meia-Loira

Há músicas que, não sendo escritas por nós, se nos colam à pele e aos sentimentos de tal maneira que duvidamos disso. Esta música é um espelho do desamor que me vai ocupando os dias e das saudades antecipadas que já tenho da minha irmã... é tudo isso, que já é tanto, e é muito mais. É um hino aos abraços que precisava de receber no outono, verão e primavera e que me faltam todos os dias.

 

"Que mais tem de acontecer no mundo

Para inverter o teu coração pra mim
Que quantidade de lágrimas devo deixar cair
Que Flor tem que nascer
para ganhar o teu amor
 
Por esse amor meu Deus
Eu faço tudo
Declamo os poemas mais lindos do universo
A ver se te convenço
Que a minha alma nasceu para ti
 
Será preciso um milagre
Para que o meu coração se alegre
Juro não vou desistir
Faça chuva faça sol
Porque eu preciso de ti para seguir
 
Quem me dera
Abraçar-te no outono verão e primavera
Quiçá viver além uma quimera
Herdar a sorte e ganhar teu coração
 
Será preciso uma tempestade
Para perceberes que o meu amor é de verdade
Te procuro nos outdoors da cidade, nas luzes dos faróis
Nos meros mortais como nós
O meu amor é puro é tão grande e resistente como embondeiro
Por ti eu vou onde nunca iria
Por ti eu sou o que nunca seria
 
Eu preciso de um milagre
Para que o meu coração se alegre
Juro não vou desistir
Faça chuva faça sol
Porque eu preciso de ti para viver
 
Quem me dera
Abraçar-te no outono verão e primavera
Quiçá viver além uma quimera
Herdar a sorte e ganhar teu coração"
 
Mariza - Quem Me Dera
17
Jul18

Por estes dias

Manga Meia-Loira

Eles continuam por cá e não tem sido fácil, acho que já escrevi sobre isto. No meio de tudo custa-me que eles não entendam que eu só quero a presença deles. Custa-me que eles não tenham a noção do que este ano significou para mim ao nível de coisas más. Custa-me que eles dêem tanto valor aos bens e não se lembrem que a única coisa que eu quero é a presença deles. Custa-me que para eles todo o esforço seja justificável. Custa-me que eles estejam tão longe de me saber tão triste e perdida. Custa-me que eles não entendam que eu troco tudo pela presença deles, é só isso que eu quero e é só isso o que um filho pode querer dos pais. Porque a segurança e a confiança que a presença e o amor deles  me transmitem - e que não tenho há seis anos - não tem preço. Porque a capacidade de sonhar e de acreditar que eu tinha antes não tem preço. E por mais que eu o diga eles não conseguem entender isto. E depois de tudo isto, ou a par de tudo isto e acima de tudo isto, ainda tenho o desamor de sempre. Nem eu sei como tenho coração para tanto. Depois de achar que ele ficava por cá, depois de achar que ele ia trabalhar para outra cidade, depois de mil coisas, ele fica a trabalhar aqui. Depois de querer - tanto - que ele vá e se desligue, ele acaba sempre por estar por perto. Ou melhor, acaba sempre por perto mas sem saber o que quer ou sem mudar nada em relação a mim. É quase um presente envenenado, saber que ele está e saber o que poderíamos ter juntos. Já chorei e já me desgastei e afundei tanto neste último ano por causa disto! Já senti que estava a perder os nossos amigos por causa desta história, já senti que não, mas é um equilíbrio dificílimo. E enquanto ele me continuar a aparecer à frente e a tocar o coração isto será mais ou menos assim... e eu não queria nada porque me dói. Dói-me ainda mais porque sei que isto me impede de seguir e me impede de encontrar um amor. E o que eu precisava de alguém que fosse colo e sorriso para mim! É isto que me deixa sem ar: saber que isto me impede de viver a minha história como ela deveria ser vivida. E para juntar a isto, ele lembra-se de me convidar para um projeto - ou uma ideia de projeto de trabalho - com ele. E eu não consegui deixar de ficar super feliz, fiquei para lá de feliz porque é um sonho, mas também sei que provavelmente é só um devaneio dele ... e que se acontecer só me vou sentir ainda mais ligada a ele.. e que isso significa que continuarei sozinha e sem colo eternamente. Eu tolero bem e lido muito bem com o facto de não ter namorado, sempre lidei, mas com ele por perto a falar-me e a propô-me coisas que para mim são sonhos torna-se mil vezes mais difícil. Está tão distante o tempo em que me sentia em paz com o coração e com os sentimentos e eu tenho tantas saudades disso... e depois ele tinha de começar a aproximar-se, ou a dar-me a ideia de que poderia ter sentimentos por mim, sem fazer nada por isso! Só quero que isto passe... mas parece-me quase impossível. Por aqui é isto... por agora.

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