É incrível a forma como conseguimos dar, ao longo do tempo, significados diferentes à mesma música, ao mesmo livro ou à mesma frase. Conforme o que vivemos, olhamos de forma diferente para aquilo que vemos ou ouvimos. Conheço esta música há anos, tantos que nem sei quantos são. Conheço há anos e quando a ouvi a semana passada não ouvi a mesma música. Ouvi e li nela muito daquilo que sinto por ele e da nossa história. Aquela parte que diz " Ahora no quiero aspavientos/ Tan sólo una charla tranquila entre nos/ Si quieres te cuento por qué te quiero / Y si quieres cuento por qué no" não é da música. A parte que diz que se queres te conto porque que te quero e se queres te conto porque não, é o espelho do meu coração. É o espelho daquilo que penso e sinto em relação a ele. É uma leitura pura, verdadeira e crua daquilo que o meu coração tem escrito em relação a ele.

Esta música é, da primeira à última palavra, um retrato de muito daquilo que sinto por ele e da nossa história. Mal eu imaginava quando a ouvi, há anos, pela primeira vez. Mal eu imaginava que um dia ele existiria. Mal eu imaginava que um dia esta música espelharia muito daquilo que ele agora significa.

Novembro voa e por aqui tudo (quase) igual. São eles que continuam sem data de regresso e o regresso a depender de vendas que podem não acontecer. Sou eu a desesperar literalmente porque toda a gente consegue tudo e eu quero um telefonema (ou dois ou três mas um basta) e o telmóvel não toca. É ele que quer e não quer e não sabe o que quer... e de que adianta ter sentimentos se não faz nada com eles? E é isso a dar cabo de mim todos os dias, a desfazer-me o coração constantemente e eu perdida no meio disso. É uma tese por fazer e a falta de coração e de cérebro para tomar conta disso... eu, a pessoa que sempre teve uma força inabalável e inimaginável para levar tudo à frente a nível profissional e chegar ao topo. É o Natal que vem e está aí à porta...e eu não posso fugir, não posso não ouvir as músicas de natal, não posso não ouvir as pessoas a falar do natal, não posso não ouvir as pessoas a falar de família, não posso não ouvir as pessoas a falar de amor. É o final de mais um ano e tudo por acontecer, quase tudo na estaca zero e a vida que não dá um empurrão a nada. São as obras e a chuva e os atrasos e eu que preciso e quero, mais do que tudo, ver aquilo a andar e pronto. 2018 está quase passado. Tirando o início do projeto e das obras nada mais de bom me fica. Só a vontade profunda de mudar tudo. E a vontade ainda maior de voltar a ter um coração em paz. Para 2019 esse vai ser o grande objetivo... a paz de um coração tranquilo.. seja com ele ou não, seja com ele ou com quem tiver de ser, seja como tiver de ser. Para estas semanas até 2019... só peço tranquilidade. A possível, se não for pedir muito.