A tese e a vida à volta da tese
Eu podia (e queria) escrever sobre muitas outras coisas. Podia escrever sobre a forma tão bonita como tive dois fins-de-semana de paz e tranquilidade, podia escrever sobre o amor, sobre os amigos ou sobre o estágio. Sobre desejos e sonhos, ou sobre medos e receios. Podia escrever sobre o dia-a-dia ou sobre o meu cão. Mas não dá. Estou a terminar a tese e todo o meu tempo vai para a tese e para os últimos pormenores. O texto está escrito e não é para mexer, mas as citações estão a dar cabo de mim. E então não tenho espaço nem tempo para muito mais.
Se me perguntarem se estou feliz, tenho de dizer que estou. Estou mesmo. Nem nas minhas melhores expectativas eu teria achado, há nove meses, que seria possível entregar a tese no prazo normal. A estagiar todos os dias e com as aulas da Ordem pelo meio, achei sempre que teria de adiar. Como em tudo neste meu percurso académico, a vida surpreendeu-me e fez-me alcançar aquilo que desejei mas não achei possível. Está quase tudo pronto e acho que só vou acreditar - e sorrir muito, assim muito muito - quando vir a tese impressa e entregue. Há muito tempo que não conseguia este sentimento de realização e de missão cumprida, há mesmo muito tempo. Tive-o e vivi-o intensamente no fim da licenciatura, mas depois disso nunca consegui chegar perto dele. Pelo meio meteu-se o desamor, a ausência dos meus, a frustração do primeiro ano do mestrado... e acho que duvidei muito e muitas vezes (mesmo muitas) que algum dia pudesse chegar a esse lugar feliz e brilhante que atingimos quando concluímos uma meta que é muito nossa. Talvez por isso - porque estes meses e anos desde que acabei a licenciatura foram tão duros e tão emocionalmente esgotantes e desgastantes - o concluir deste objetivo de vida tenha um significado tão cheio de brilho e de uma felicidade tão bonita.