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Manga Lima

Manga Lima

22
Fev20

21 de Fevereiro de 2020, 10:30h

Manga Meia-Loira

Em casa. A sorrir. Do princípio até ao fim. 

Foi isto que escrevi sobre este momento e é isso que quero guardar para sempre.

Foi assim hoje como em (quase) todos os dias deste caminho que me trouxe até aqui. Sentada em casa e a sorrir. Porque, como canta Rui Veloso, "não podia ser de outra maneira".

Lembrar-me-ei sempre do júri composto por professores que me são queridos, da forma como entraram de sorriso aberto e plenos de empatia, de todos os sorrisos e da calma com que respondi e conversei. Lembrar-me-ei sempre do meu pai que largou tudo para estar na fila da frente, dos meus e dos amigos que fizeram questão de estar lá a torcer por mim do princípio ao fim.

Este mestrado foi uma das maiores provas de fogo que a vida me poderia ter dado a muitos níveis. Foi um teste daqueles à minha capacidade de resistir e à minha resistência à frustração. Obrigou-me a aprender a gerir expectativas, a insistir, a persistir e a não desistir. Obrigou-me a mostrar à vida e a mim própria uma vontade de ferro de chegar à meta. Obrigou-me a aprender a lidar com o binómio motivação-frustração. Fez-me ver a vida em perspetiva.

Não, não foi só um mestrado.

Foi o mestrado que aconteceu para lá de todas as sextas-feiras (e dos outros dias) em que chorei desalmadamente.Foi o mestrado que aconteceu para lá da frustração e das expectativas goradas das aulas do primeiro ano. Foi o mestrado que aconteceu para lá da ausência dos meus e de todo o vazio e todas as mágoas que isso me provoca. Foi o mestrado que aconteceu para lá de um desamor que me levou ao chão, ao fundo escuro do coração e a lugares sombrios por onde nunca imaginei andar. Foi o mestrado que aconteceu para lá de todas as dores que o café me provoca. Foi o mestrado que aconteceu para lá do estágio, das aulas da Ordem, dos julgamentos, das reuniões e de tudo o que isso implicou. Foi o mestrado que aconteceu para lá de todas as tardes de domingo em que não sabia para onde vão os barcos que construímos quando estamos tristes (continuo muitas vezes a não saber). Foi o mestrado que aconteceu para lá de todas as dúvidas, incertezas e tristezas, e para lá de todos os momentos em que achei que nunca seria capaz de escrever uma tese. Foi o mestrado que aconteceu para lá de tudo isto e que aconteceu para me mostrar que sim: conseguimos definitivamente sobreviver a tudo (e não me esqueço de tudo aquilo a que tive de sobreviver em 2018, e depois em 2019). 

Foi também um mestrado que aconteceu entre as coisas boas da vida. Não duvido disso e sei de todos os dias em que tive notícias boas, em que sonhei, em que acreditei, em que trabalhei. Sei de todos os dias em que fui para lá de feliz, em que tive bons momentos em família, e sei de todos os dias em que os meus amigos foram luz, sol e sorrisos neste jardim que é a vida. Sei também dos muitos dias em que fui feliz na universidade - e fui estapafurdiamente feliz lá, naquela que também foi e será sempre a minha casa. Sei de todos os dias em que me diverti a escrever a tese, e diverti-me em quase todos eles, e de todos os dias em que isso me deu um gozo enorme e me fez sentir para lá de realizada e completa. Sei de como me senti a contribuir para algo maior, de como senti útil, de como me senti a construir um dos sonhos de vida e de como me senti completa e realizada (e senti tanto isso e precisava tanto disso!). Sei também com todas as certezas que este mestrado, fazendo-me construir algo com que sonhei e fazendo-me sentir realizada e feliz com isso, me salvou de certa forma.

Sim, para lá dos dias de sol e dos dias cinzentos, este mestrado, saldadas as contas, foi sol em mim. Fez-me ser sol em muitos dias. Ensinou-me todos os dias que a vida "Não é sobre chegar no topo do mundo E saber que venceu", é muito mais "sobre escalar e sentir Que o caminho te fortaleceu".

Em casa. A sorrir. Do princípio ao fim.

Foi assim hoje. Foi assim em (quase) todos os dias deste caminho. 

Porque, como canta Rui Veloso, "não podia ser de outra maneira".

Estarei sempre infinitamente grata a mim, aos meus, à Vida e a Deus.

Os sorrisos abertos - do júri, meus e dos meus - ficam comigo para a vida e lembrar-me-ão sempre que "tudo vale a pena se a alma não é pequena". 

Hoje foi sexta-feira no mundo e tudo bateu certo nem que por um segundo.

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