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Manga Lima

Manga Lima

31
Jan21

Trabalho, vida e ironia

Manga Meia-Loira

Tive uma semana de trabalho interminável, ainda mais que a anterior. Aliás, se há coisa que percebi nestas duas semanas é que naquele sítio tudo é interminável: o trabalho, a quantidade de tarefas, a pressão, a falta de tempo, os horários, enfim. Em pouco tempo também percebi, indubitavelmente, que aquele lugar não será para mim porque eu não quero nem aceito esta vida. Fui ao engano. Tomei opções de vida sempre no sentido de ter uma vida calma e com tempo para mim. Candidatei-me a um lugar onde deveria trabalhar oito horas por dia e ter todos os direitos normais. Tudo o que se tem passado tem sido exatamente o contrário. Não sei até quando vou estar lá. Não sei até quando vou querer ou conseguir. Não sei sequer se vou querer chegar até à primeira renovação do contrato. Enquanto for conseguindo estar sem que a minha saúde dê alertas sérios vou estar (ou até que algo surja). Vou pelo menos aprender. Quando tiver que bater com a porta vou bater sem pensar duas vezes. Não quero nem vou aceitar ficar num sítio onde não há qualquer respeito pelos horários, pelo tempo humanamente necessário para desenvolver tarefas, pelo descanso das pessoas, pelas horas extraordinárias de trabalho, pelas licenças de parentalidade e por tudo isso. Venderam-me, nas entrevistas, um local com condições ótimas para trabalhar e para conciliar a vida pessoal e profissional. Não podiam ter dado uma ideia mais errada. E eu, que me recusei a ir para uma grande sociedade ou grande consultora, que não me candidatei a essas precisamente por isso, que me quis desviar da profissão que abracei por isso, acabei num sítio exatamente igual ou ainda pior (sim, que ao menos nessas sempre ganharia melhor). E eu que me recusei sempre a isso tudo, fui sem saber parar a um sítio desses. Espero lembrar-me sempre deste texto e de tudo o que escrevi aqui sobre essa coisa de a vida não ser só trabalho. Espero continuar a entender isto e recusar isto. Espero bater com a porta rapidamente. Não podia estar mais desiludida. Mas quando tiver que sair vou sair. E terei muitas outras hipóteses, felizmente. Serve isto de lição. Não fiquem num sítio sem antes saber como é que é realmente a vida de quem lá trabalha. Enfim. Espero em breve poder bater com a porta e ter ventos positivos de mudança. Hei-de ter.

24
Jan21

O dia é deles. O agradecimento é meu.

Manga Meia-Loira

Hoje o meu pai e a minha irmã fazem anos. Para lá da distância física e do oceano que nos separa há já alguns anos, para lá da pandemia e de todas as circunstâncias que vivemos, só posso estar feliz e celebrar por eles e com eles. Só posso estar imensamente grata à vida e a Deus por tê-los. Daqui a um ano, como disse o meu pai, iremos comer ao Tourigalo, celebraremos juntos e brindaremos muito. Nos anos seguintes também. Vivemos tempos difíceis para todos a vários níveis. Vivemos com medos e angústias. Vivemos sem conseguir fazer grandes planos. Mas enquanto houver estrada para andar a gente vai continuar (e nunca esta frase me fez tanto sentido). E temos de olhar para a frente e saber (e sonhar) que haverá sempre um depois.

Parabéns a eles, obrigada eu por tê-los comigo, e muita vida e sonhos pela frente para partilharmos. Daqui a um ano no restaurante que o meu pai hoje escolheu. Juntos e numa nova vida. 

24
Jan21

Começou. E começou a sério. 18 de janeiro.

Manga Meia-Loira

18 de janeiro. Segunda. Comecei uma nova fase e etapa da vida. Comecei, depois de ter acabado o estágio, a trabalhar a sério. Foi tudo muito rápido e acho que nem eu estava à espera que fosse tão rápido. Mudei um bocadinho o tipo de profissão porque foi o que eu quis e o que achei melhor. Não sei se estava certa, não sei se fiz bem, não sei se vai correr bem. Foi difícil, muito díficil, porque é tudo novo (lá está, mudei o tipo de profissão). É tudo estranho, novo e diferente. É demasiada informação nova por minuto/por hora/por dia. É  demasiado de tudo. Cansei-me, senti-me pequenina, senti-me incapaz, senti-me incompetente quase. É normal, faz parte e não posso chegar a conseguir (e a saber) fazer tudo. São tarefas e trabalhos demasiado específicos e técnicos. É normal, tanto que ainda estou e vou estar (nas próximas semanas) em treino. Mesmo assim foi frustrei-me e preocupei-me. Não gosto desta sensação de me sentir perdida. Além disso vamos estar a tarbalhar, agora, sempre a partir de casa até nova indicação (e sozinhos) quando mais precisamos de ajuda. Por muito que as pessoas sejam disponíveis e queiram ajudar é complicado. Além de tudo isso eu não sou (nunca fui) boa de inícios. Não gosto de inícios, não gosto de começos, não gosto de começar do ponto zero, não gosto nada de não conhecer. Eu sou da estabilidade, da rotina, de saber com o que conto, de hábitos, de ritmos estabelecidos, daquilo que já me é familiar. Foi assim sempre e dificilmente será diferente. Já sabia que este início não seria fácil. Mesmo assim estou genuinamente muito grata: é um verdadeiro privilégio conseguir um emprego no meio de tudo o que vivemos. É uma sorte conseguir entrar num sítio sem experiência no trabalho para o qual somos contratados. É um privilégio conseguir entrar num sítio onde somos treinados e onde nos tentam ensinar, mesmo que nada seja perfeito. Por isso vamos continuar. Enquanto houver estrada para andar a gente vai continuar. E eu vou dar o meu melhor, vou ter calma e vou esperar que os hábitos e as rotinas se instalem. Vou esperar que tudo me seja familiar. Só aí poderei ver e avaliar tudo. Não sei se vai correr bem, não sei se vou querer ficar e continuar, não sei se a empresa vai querer que eu fique e continue. Haja o que houver, vai valer a pena. Vale sempre a pena. Tudo vale a pena se a alma não é pequena. É isto. Isto e saber que estou a aprender muito... mais e bem mais do que aquilo que esperava. Aguardemos.

08
Jan21

Entrevistas, empregos e eletricidade

Manga Meia-Loira

Quando um dia me perguntarem como correu a minha primeira entrevista numa empresa a sério, eu irei dizer que quinze minutos antes da hora marcada para a vídeochamada houve um corte geral de eletricidade. Sim, em janeiro de 2021 o mundo vivia uma pandemia e as entrevistas de emprego eram muitas vezes feitas através de vídeochamada. Sim, houve uma falha geral de eletricidade no sítio onde vivo, coisa que não me lembro sequer de ver acontecer. Sim, no dia 8 de janeiro de 2021 eu apanhei um susto enorme porque a eletricidade falhou e quase que a entrevista ficou em risco. Tive 15 minutos para aumentar ao máximo a internet do telemóvel e rezei para que fosse possível. Houve um atraso considerável por parte da empresa, no entretanto a eletricidade voltou e as coisas aconteceram calmamente, como se nada tivesse acontecido. Não sei se eventualmente serei selecionada, não sei como este recrutamento vai correr, mas fico com uma história daquelas para contar daqui a 20 anos.

05
Jan21

4 de janeiro de 2021, 16:30h

Manga Meia-Loira

Ontem terminei um longo caminho. Um caminho que começou há muitos anos, numa tarde quente de julho. Está feito. Depois da licenciatura, depois do mestrado, depois da tese, depois do estágio, depois das aulas da Ordem, depois dos relatórios, depois dos adiamentos a que a pandemia obrigou, depois da entrevista, depois do exame... está feito. Não podia estar mais feliz, mais grata e mais aliviada. Ontem cheguei ao fim do caminho e ao lugar onde quis tanto chegar. Cumpri a minha parte e fechei este longo percurso.

Tenho que me lembrar, também, que cheguei aqui com o meu trabalho e o meu esforço - e isso foi meu - mas não cheguei sozinha.

Cheguei porque tive sempre o amor incondicional, o suporte, o apoio, o incentivo e a confiança da minha família.

Cheguei porque tenho um pai que desde sempre me incentivou a ler e a gostar de ler, que me ajudou e incentivou a estudar, que me mostrou como é bom aprender e saber mais, que teve toda a paciência comigo e que me deu sempre confiança, mesmo quando eu, em criança, chorava e dizia que não conseguia. Um pai que foi sempre o primeiro e maior incentivador de todo o meu percurso escolar e académico.

Cheguei com a presença constante, o carinho, o companheirismo, a confiança, o incentivo e a energia bonita dos meus amigos.

Cheguei aqui também porque tive a sorte de ter excelentes professores, antes da universidade e na universidade.

Cheguei aqui porque tive um orientador de tese que contribui para que a tese e o mestrado chegassem a bom porto.

Cheguei aqui porque tive uma patrona que é excecional enquanto pessoa e enquanto profissional, e que me proporcionou tudo o que precisei para que este estágio fosse a bom porto e me fizesse feliz.

Cheguei aqui porque a (minha) Escola de Direito me acolheu de braços abertos e foi a minha segunda (e muitas vezes primeira) casa, e agradeci e fui muito feliz por isso.

Cheguei também com a presença de certas pessoas em certos momentos cruciais, que não posso esquecer e que me ajudaram muito. Pessoas que, muitas vezes sem saberem, se cruzaram no meu caminho no momento em que eu precisava e disseram e fizeram exatamente aquilo que eu mais precisava.

Cheguei com os prémios e os reconhecimentos que tive, e que me mostratam sempre, e ainda mais, que o trabalho e o esforço compensam e valem a pena.

Cheguei ancorada na memória bonita dos meus avós, que terão estado sempre (onde quer que estejam) a torcer por mim na primeira fila e de sorriso no rosto.

Cheguei com aquele toque essencial de Deus e da Vida que me terão dado sempre a força necessária para continuar o caminho nos dias cinzentos.

A mim, aos meus, à Vida e a Deus, fico infinitamente grata. Cheguei aqui. Chegamos aqui todos: eu e os meus, que são o princípio e o fim de tudo o que eu faço. Ontem o universo sorriu, eu sorri e os meus sorriram. Ontem Deus e a Vida hão-de ter sorrido. Correu (mesmo) tudo bem. 

Ontem foi segunda no mundo e tudo bateu certo por muito mais que um segundo.

 

"Podes achar que não tens
P'ra onde ir, nem que fazer
Não sabes bem quem és aqui
Neste mundo, tão grande e frio
Mas há qualquer coisa em ti
Que te faz querer
Querer ser alguém
Querer ser alguém

E a vida não vai parar
Vai como o vento
Tens tudo a dar
Não percas tempo
Podes saber
Que vais chegar
Onde deus te levar" - Música "Onde Deus te levar"

03
Jan21

Da vida e daquilo que na vida verdadeiramente importa

Manga Meia-Loira

"AO FIM

Ao fim são muito poucas as palavras

que nos doem a sério e muito poucas 

as que conseguem alegrar a alma.

São também muito pocas as pessoas

que tocam nosso coração e menos

ainda as que o tocam muito tempo.

E ao fim são pouquíssimas as coisas

que em nossa vida a sério nos importam

poder amar alguém, sermos amados

e não morrer depois dos nossos filhos."

02
Jan21

Novo ano, vida e planos

Manga Meia-Loira

Eu sou pessoa que por natureza gosta de ter sempre tudo muito planeado e saber sempre com o que vai contar. Facilmente eu me daria bem com planos muito bem definidos e muito certinhos e organizados. Claro que isto é importante... mas acontece que eu depois cresci e, por coisas da vida e da família, percebi que muitas vezes os nossos planos saem ao lado. Seja porque aconteceu algo que não conseguimos prever, seja porque a vida fez acontecer de forma diferente e por aí fora. Aquilo que acontece fora dos planos, normalmente, ou corre muito bem ou corre bastante mal. Num filme de natal da Netflix, já não sei bem qual, encontrei esta frase. Esta frase que, dizendo pouco, acaba por dizer muito. A vida também é muitas vezes isto, aquilo que acontce enquanto fazemos planos. Acho que é um pensamento bonito para começar um novo ano. Que haja sempre surpresas boa e felizes acontecimentos enquanto estamos ocupados a fazer outros planos. Eu por cá vou continuar a fazer planos, porque eles são indispensáveis a uma vida organizada, mas vou tentar dar espaço para que a vida possa acontecer entre esses planos.

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