Não sei se foi por ter tido ontem um primeiro encontro, não sei se é por não saber como agir depois de um primeiro encontro, não sei se é por não saber se devo esperar uma mensagem ou enviar eu uma, não sei se é por estar a "mexer" em assuntos do coração, mas a verdade é que vim reler textos a este blog, e percebi o longo caminho que já percorri nisto do amor. Sempre aliado às saudades dos meus. Li, reli, revivi e as lágrimas correram-me como um rio. Tem sido um longo, muito longo caminho. Feito muito de coração perdido, por vezes partido, muitas vezes sem sentido. Continuo sem saber para onde vão os barcos que construímos quando estamos tristes e o coração dói, tanto tempo depois. Vem as lágrimas e no fundo, tanto tempo depois, continuo sem saber para onde vão esses barcos. Há caminhos, e o meu tem sido muito longo e difícil no que respeita ao coração. Aquilo que pensei hoje foi mais se vou encontrar alguma vez alguém que me ajude a descobrir para onde vão os barcos que construímos quando estamos tristes. Alguém que me ajude a descobrir para que rio ou mar vão esses barcos, dando-lhes sentido. Será que esse alguém existe? E será que eu vou encontrar esse alguém? Há pessoas que tem caminhos mais fáceis no amor do que outras, mas será que o meu vai ser sempre assim tão difícil? Ou será que pode haver alguém que consiga exatamente encaixar-se no meu coração e fazer-me descobrir para onde vão os barcos que construímos quando estamos tristes? Não sei. Ninguém sabe. Hoje continuo sem saber para onde vão esses barcos.

Não me perguntem como nem porquê. Se me tivessem alguma vez dito que eu um dia iria ter um perfil numa rede de encontros, eu teria rido muito e dito sempre que não. Mas depois a vida corre, o tempo corre, há a rotina, há o casa-trabalho de todos os dias, sabemos que dos grupos de amigos não vai sair nenhum amor, do trabalho igual, percebemos que ninguém nos irá tocar à campainha a dizer "Cheguei, sou eu o tal", sabemos também que os princípes só existem nas histórias, e a hipótese de esbarrar em alguém na rua e sair daí um amor a valer é uma num milhão ou ainda menor. Temos também a noção de que já não conhecemos pessoas novas, ou de que isso é muito mais difícil, e também não faz sentido (para mim) inscrevermo-nos num ginásio para conhecer gente ou encontrar alguém.

Vai daí que no sábado passado criei um perfil no bumble. Tentei que o perfil fosse o mais verdadeiro e real possível, e podíamos ficar por aqui, mas não. Tenho a dizer que é difícil como o raio mandar uma primeira mensagem a um desconhecido (sim, gente, é tudo desconhecido), é difícil como o raio saber quem devemos excluir logo ou quem devemos colocar na lista dos gostos, é difícil como o raio saber o que dizer, é difícil como o raio saber se e quando devemos começar uma conversa. É tudo desconhecido, constrangedor, difícil, estranho e parece-me que "anti-natural". E depois, é suposto responder sempre? É suposto mandar uma segunda mensagem se a outra pessoa não respondeu à anterior? E o tempo? Vale a pena investir quanto tempo nisto? Tudo isto me causa ansiedade e milhões de dúvidas. Na verdade, sei que isto pode ser só uma "perda de tempo", e que alguém que à partida pode parecer interessante se pode revelar uma desilusão. Sei de tudo. Será que vale a pena? Será que vale mesmo a pena? Aiii, dúvidas, dúvidas, dúvidas. Não queria deitar a toalha ao chão tão cedo, mas confesso que já me passou pela cabeça eliminar tudo e ficar na minha paz. Enfim. Pode ser que daqui a algum tempo volte a escrever sobre isto.