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Manga Lima

Manga Lima

08
Jul13

Perda(s)

Manga Meia-Loira

Quem perdeu fui eu. Fui sempre eu.. Sou eu. Há perdas e perdas, e se há alguém no meio de tudo isto que perdeu tanto de tudo até ao limite de perder o Norte e se perder a si próprio.. esse alguém sou eu, tenho sido eu. Perder tudo até ao limite de já nem lembrar bem um bocadinho do tudo que um dia se teve. Perder tudo até onde já não resta mais nada. Perder tudo até descer bem fundo e descer tão fundo até onde a luz não chega. Ser espectador e personagem principal de todas estas perdas e ver as luzes apagarem-se, uma a uma, muito lentamente. Gritar, arrancar cabelos, pedir socorro, e perceber que do fundo ninguém ouve nada. Afinal quem perdeu fui eu e perdi ainda antes do início. Já estava perdida que dá dó e ainda nem sonhava com um pedaço que fosse deste pesadelo. Perdi ainda antes de partir para a batalha. Perdi ainda não tinha começado e seria sempre a derrotada, ainda que não existisse batalha. Perdi antes. Perdi quando começou. Perdi sempre mais de cada vez que quis ir à luta e tanto mais quanto maior fosse a força. Parti muito mais de trás e para me salvar teria sempre de chegar muito mais longe. Perdi e fui apanhada de surpresa. Perdi e fui arrastada para este jogo perdida e sem saber as regras. Perco sempre e serei sempre a derrotada escolhida a dedo enquanto isto durar. Há coisas contra as quais não vale a pena lutar, ainda que aceitar isso seja perder e perder doa daqui até à lua, vezes mil. Perdi quando torci as entranhas e revolvi o céu e o inferno na vã tentativa de fazer algo, o que quer que fosse, contra esta mais-que-perdida batalha. Perdi -perco- sempre que acredito que posso vencer. Perdi e perco de cada vez que tento não perder e perco tanto mais quanto mais tento não perder. Perdi -perco- de cada vez que tento/acho possível soldar as perdas e passar-lhes por cima, dia algum. Quem perdeu fui eu e perco ainda de cada vez que tento pensar que há mais e não sou a única. Perco simplesmente e sempre mais por não poder fazer nada. Porque fui eu que vi os meus sonhos e planos serem arrancados a ferros e desfeitos pedaço por pedaço. Porque fui e sou eu que me perdi tanto que ainda ando às aranhas no meio de tudo isto. Porque fui eu que fiquei sem nada trancada e cerrada entre muros inquebráveis a ver tudo desaparecer. Porque sou eu que me tenho deixado arrastar pelos dias, caída, ferida, magoada e presa por todos os lados.

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