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Manga Lima

Manga Lima

03
Abr13

Ironias

Manga Meia-Loira

Isto é tão irónico! Nunca estive no centro do mundo como agora. Numa das melhores universidades do mundo. Numa cidade completamente "à Nova Iorque". Num país de Língua Inglesa. Numa rua das pricipais onde as lojas são de Louis Vuitton para cima. Num país que se diz dos melhores reputados do mundo. Nunca estive tanto no centro do mundo. Nunca estive tanto no centro de tudo e daquilo a que todos chamam de oportunidades para a vida. E nunca, mas mesmo nunca como agora, precisei tanto de fugir de um sítio como deste. A quantidade de pessoas que não daria tudo para estar no meu lugar, e eu quero fugir dele. Eu não quero usá-lo nem usufruir dele. Eu daqui e disto não quero nada. Assim como assim, a felicidade e o sucesso somos nós que construímos. No sítio onde somos felizes. E se isso acontecer há-de ser no sítio onde sou feliz. Só assim tudo faz sentido.

Já não me importo para onde vou. Só quero fugir daqui. Fugir daqui e depois o caminho para casa traço-o eu. É irónico. Tanta gente que gostaria de viver isto, e eu só sinto nojo e quero fugir. Mas é verdade. No centro do mundo. Mais longe do meu mundo que nunca.

02
Abr13

Facebook, ou pedaços do que eu sinto lá achados

Manga Meia-Loira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fugir. Desaparecer. Hibernar. Correr. Longe. Acordar noutro dia, noutro tempo. Anestesiar o tempo e as dores e vencê-los. Adormecer e quando tudo estiver no sítio acordar. De uma vez por todas. E viver. Cansaço. Choros. De manhã, à tarde, à noite, e nos espaços entre elas. O amanhã pode ser tarde demais. Suportar tudo estoicamente qual saco de pancada da vida e ultrapassar todos os limites do que promete a força humana. A agudeza da dor da impotência. Da dor da impossibilidade daquilo que se quer. A amargura, a frustração, a acidez, a mágoa.. que ficam. A saturação e o cansaço nos limites do real. Atirar uma bomba ao destino, ou como ironicamente nunca gostei muito de Química. Cãimbras do coração e da alma, da saudade que quer ficar para a festa e (acabar de) arrasar comigo. Fugir. Dasaperecer ou hibernar. Para qualquer lugar, para qualquer tempo, mas fugir. Fugir do agora que mata. Mais rápido que os cigarros. Perdida. Entre tristes e não achados. A dor do que tinha que ter sido diferente. A dor da incerteza. A dor de todas as dores. E todas as feridas de cada dor. Mulltiplicadas por todas as dores. Um dia faço uma lista. Das da alma e das do corpo. E junto as do coração.

02
Abr13

Pesa(delos)

Manga Meia-Loira

O que acontece quando se escreve assim?

"Sometimes I look at me and I still think that it's a movie and in the following minute I wil wake up on my room looking to the garden and realizing that everything was a big and bed nightmare! It can not be real!"

É. Às vezes ainda me é difícil realizar que estou a viver isto.  Que estou a (des)viver nisto. A cada dia que perco. A cada picada que tenho. É tudo tão estúpida e dolorosamente irreal que juro que olho para mim e ainda acho que vou acordar na manhã daquele dia que me destruiu o coração, os desejos, os sonhos, e tudo o que eu era e o que de melhor tinha. E tudo esse(s) dia(s) levou(ram). Não foi preciso o vento vir. Não foi preciso casar com um muçulmano para serem tantos os sarilhos que nem Alá sabe onde acabam.

E agora não, não é só uma história que ouço. Não é só um esgar de pena que me vem à cara. Não é só mais uma história triste. Não. É a história que está a ser sofridamente minha. A que me está a sair da pele e a matar o coração. É a história que me toca bem no fundo do meu ser e me leva tudo. Não é mais uma, não é alguém que nem conheço. Sou eu e os meus e a história diz-me respeito a mim. Não a quero para mim mas ela não se desdiz. Ah desdita! Raios me partam se não sou e se não somos nós que damos cabo de ti antes que dês cabo de nós!

02
Abr13

Juro

Manga Meia-Loira

Juro. Raios me partam. Toda. Raios me partam toda, raios me matem, raios me destruam. Que se isto não vira tudo de uma vez por todas para o lado que tem que ir, quem não quer ficar para contar a (tragédia) história sou eu. Raios me partam, raios me partam toda, se isto antes de 31 de Dezembro não levar uma cambalhota e daquelas e não acabarmos todos onde nos esperam. Raios me partam. Toda se isso não acontecer. Por favor! E nunca cada letra de um pedido teve tanto sentimento em mim. Raios me partam.

31
Mar13

Nos(tal)gia

Manga Meia-Loira

Nos+tal+gia. Não me esqueço daquela aula de Português em que a professora deu a sua explicação de nostalgia. Tão simples e dura como real. Nostalgia=Tristeza+Saudade. Assim, como se fosse tão fácil de resolver como esta simples equação. Não me consigo esquecer e também na altura estava numa fase um bocadinho como esta. E essa fase passou. Só espero que com esta acontaça o mesmo. E a nostalgia que a leve o vento. Mas nunca como agora senti tanto na pele a verdade sentida desta equação.

31
Mar13

Pedaços

Manga Meia-Loira

Um dia vou conseguir olhar para isto tudo como uma (des)lembrança má de algo que já passou. Espero que sim. No dia em que a Pronúncia do Norte e o Porto Sentido não me desfizerem o coração. No dia em que a Escolha do Sentido e o Ver-te Chegar não me doerem bem fundo na alma. No dia em que as Memórias Esquecidas não me fizerem contorcer de dor. No dia em que o nome deste país e desta cidade não me causarem repugnação. No dia em que abrir o Skype não me fizer relembrar todas as dores que a distância causa. No dia em que imagens de neve não me causarem vómitos e a palavra distância não me revolver as entranhas. No dia em que a palavra saudade não me der vontade de gritar. No dia em que toda a repugnância a estas pessoas, estes ambientes e estas conversas já não me disser nada. No dia em que tudo o que isto representa já não significar nada para mim. No dia em que não me causar nojo o tipo de valores que esta sociedade em particular defende e vive. No dia em que este estilo de vida que eles praticam não me enjoar. No dia, sobretudo, em que o círculo da luz for novamente refeito. No dia em que me reencontrar comigo, com a minha gente, com o meu mar e com a minha paz. No dia em que isto for só um mau pedaço de lembrança. No dia em que fizer as pazes com a paz, com a vida e comigo. No dia em que estivermos a completar o nosso círculo da luz de sempre. Nesse dia tudo isto vai ficar num canto muito remoto dos meus piores pesadelos e memórias. Nesse dia, vou ser eu. Vamos ser nós connosco. E isso será tudo.

 

30
Mar13

Dias especiais

Manga Meia-Loira

Páscoa. Estamos nas "pedrinhas", a brincar com água, eu tenho o avental, tu estás lá e a Sara está connosco. É fim do dia, temos pressa e está na hora de vestir. Olho para mim, para nós as duas, e sou/somos os anjinhos que vão na procissão. Arranjamo-nos e vamos ter com os avós. O espelho está lá à nossa frente e das fotografias trata o meu pai. É Páscoa e somos pequeninas.

São sempre os piores. Os que batem ainda mais forte. Os que fazem o coração picar e o peito apertar. Os que fazem as lágrimas cair ainda mais. Foi o Halloween. Foram os (meus) feriados de Dezembro e o Dezembro inteiro. Foi o Natal. Foi a Passagem de Ano. Foram os aniversários de Janeiro. Foi o Carnaval. Foi o Dia do Pai. É agora a Páscoa. São as outras datas que nos marcam. Como aquele dia de Janeiro em que fez um ano que ela foi embora. Todos os dias doem, mas estes fazem ainda mais feridas. Estes rasgam-nos a pele das memórias. Estes fazem-nos sentir descontroladamente perdidos, confusos e sozinhos. Estes picam-nos no coração, e não só no pensamento. Literalmente picam o coração. É assim que agora me sinto. E tudo é ainda pior. É quando todas as memórias se tornam ainda mais vivas, é quando todas as lembranças nos aparecem à frente ainda mais reais. É quando pensamos ainda mais em todos os simples gestos: como foi cada um, como foi em cada ano, quem estava lá, o que aconteceu. É tudo centenas de vezes pior e milhares de vezes mais doloroso. E dói-me lembrar de todas as Páscoas: aquela em que a casa foi aberta, a outra em que ainda nos consigo ver a arranjar as mesas do café na noite anterior, a outra em que a I. me foi acordar e eu lhe disse "A minha roupa está em casa!", e ela me respondeu "A cruz está a chegar à porta. Aquelas em que era pequenina e o espaço era na sala de cima, com todos ainda ensonados. A última. Todas elas e todas as manhãs delas, com as pessoas lá todas. Com o sol a entrar pelo vidro e os pequenos-almoços logo ali. E às vezes ainda íamos à casa do tio M. E ainda outra em que passámos a tarde na quinta do tio A. E tudo há tão pouco tempo! Dói! E nem preciso lembrar todos os Natais. O último fez, infelizmente, isso tudo isso por mim. E doeu. Ainda dói e magoa. Marca. Aqueles em que era pequenina e estávamos todos na sala da lareira cheios de comida e presentes. O que foi ainda mais especial, na casa da minha mãe G. O outro em que ficámos na sala de cima a ver filmes. Todos os outros em que a porta abriu. E quanto a Passagens de Ano a última também me moeu todas as recordações e excedeu tudo o que nunca imaginei. E tem sido isto. E ainda há 365 dias atrás eu estava a viver tudo e sentir tudo. Só eu sei o que sabia e o que na minha cabeça ia acontecer. Sim, isto é ter motivos para chorar, gritar e querer fugir ou hibernar. Isto é motivo para ter vontade de "ir gritar para o monte". Isto é motivo para deixar que o coração deite fora todas as lágrimas de sangue. Isto é motivo para deixar, simplesmente, as lágrima correram à velocidade de um rio que corre para o mar. Porque há, sim, momentos em que simplesmente nos devemos permitir ficar triste. Desmesurada e infinitamente tristes. E perdidos. E estes são uns deles. E deixar que as lágrimas caiam. Pode haver momentos mais tristes. Pode haver momentos ainda com ainda mais motivos. Mas estes são assim, são os que me matam a pele e me queimam o coração e as memórias. E sim, só me resta deixar que as lágrimas corram e permitir-me ficar triste. Desmesuradamente triste e perdida. E esperar que isto passe. Que isto passe sobretudo antes que seja tarde demais. Que isto passe a tempo de viver todas as Páscoas do mundo. Que isto passe a tempo de viver ainda todos os Natais, Passagens de Ano e Carnavais do Mundo. Que isto passse, simplesmente. Que isto passe simplesmente e eu me permita ficar desmesuradamente feliz e aliviada. Que isto passe e me permita espalhar brilho e deixar que o meu sorriso surga naturalmente. E já ontem era tarde. Que isto passe. Só. E do resto tratamos nós e muito bem.

28
Mar13

1 mês, 40 textos

Manga Meia-Loira

E pronto, assim chegamos ao primeiro mês. Um mês de desabafos aqui neste cantinho. Um mês deste meu "Muro das Lamentações". Mais um mês da minha vida neste túnel negro sem fim nem saída à vista. E tem sido bom aproveitar este cantinho para extravasar todas as dores. Tem sido bom poder simplesmente despejar tudo o que quiser sem sequer pensar. A minha gente ainda não sabe. Eles não precisam de mais cores negras, talvez quando houver um momento certo eu lhes conte. Mas sinceramente acho que aquilo que aqui está nem é para ler. E assim (não) tem passado o tempo. Tudo está exactamente igual. Ou pior, melhor dizendo. Continua a não haver luz nenhuma. Continua a não existir esperança suficiente no amanhã. Cada dia é pior que o outro e todos juntos somam as piores das dores. É a verdadeira quaresma na quaresma, tirando a parte em que esta não tem fim à vista. E já não sei nada. E isto está uma confusão. Só sei o que vou fazer na semana que vem. Mais nada. Não sei mais nada e tudo o resto é um vazio. O que vai acontecer, o que pode acontecer, como vai ser. É tudo um zero. Um zero que assusta. Que pode ser igual ou ainda pior que aquilo que já veio. Um zero que mete medo. Um vazio que mata. Um buraco negro, e o mais certo é ser de surpresas. Provavelmente surpresas más. Péssimas. E é isto. x40. Não consigo dizer mais nada, não consigo escrever mais nada, não consigo pensar em mais nada. Só que nunca me senti tão perdida e confusa. Nunca me senti tanto no fim da linha. Nunca me senti tão desesperadamente impotente. E a impossibilidade de aquilo que mais quero que aconteça é esmagadora. Trituradora, dilaceradora, destruidora, demolidora. Sinto-me como os escombros de uma casa à qual só sobrou a base. Rigorosamente mais nada. Levaram-me tudo e até grande parte da esperança. E não imagino o que me espera. Talvez seja para acabar de destruir o que restou. Talvez não. Aconteça o que acontecer, este canto continuará a ser o meu espaço. O meu muro das lamentações.

27
Mar13

Facebook

Manga Meia-Loira

E o que mexe comigo olhar para os murais e ver que o mundo continua e as pessoas vivem? O tempo passa, a vida rola, tudo anda para a frente, e eu aqui, paralisada e congelada neste pesadelo que me surpreende a cada dia que passa. Sem nada que me faça querer continuar, sem aquilo que já me fez mover o mundo, sem qualquer tipo de certeza no amanhã. É, um dia vou ter um facebook de gente. Um facebook com vida. E uma vida de gente. Quando a recuperar. Um dia vou. Se não pensar assim estou aqui, estou num hospital psiquiátrico. Verdade, verdadinha. Já estive mais longe da loucura e nunca mais me vai fazer qualquer género de confusão ouvir alguém dizer que a vida às vezes não merece ser vivida. Eu explico: cresci num ambiente dourado, com as melhores pessoas do mundo, e sempre fui ensinada (ou herdei?) a amar a vida e tudo o que ela nos traz. Sempre me fez uma grande confusão e um grande espanto ouvir histórias de gente deprimida, gente que deixou de "viver" a vida, gente que só se sabe queixar. Pessoas que desistem de si próprias. Mas agora não. Agora sou eu a perceber como às vezes tudo é tão negro que a nossa vontade de continuar se asvai. É simples, quando tudo está tão negro e não há uma luz, mínima que fosse, nem uma saída de emergência, nem nada que ilumine ou guie, nós perdemo-nos de nós próprios. Perdemos o que fomos, o que somos e o que poderíamos ser. Perdemos tudo. E daí até desistirmos de nós vai um passo. Agora percebo tudo e sei como é. Não quero desistir de mim, mas isto é uma corda elástica. Estica, estica, estica, continua a esticar e estica sempre. Mas vai haver um dia que vai ceder. E nós conseguimos sentir essa pressão. Ela aumenta a cada dia. Primeiro não se nota, é como uma torneira de água que enche. Começa sem percebermos e continua. E pronto. Continuarei a achar que a vida é para ser vivida, que o mundo é para ser sentido, que as pessoas são para ser amadas. Continuo a achar que o valor da vida é inquestionável. Que somos uns privilegiados por ter a sorte de a viver. Que há coisas que não devemos questionar. Por alguma razão na altura de conhecer Kant e Stuar Mill sempre estive inquestionavelmente mais voltada para Kant. Há coisas que nos transcendem e devem ser respeitadas. Há valores que não são sequer questionáveis. Tampouco em nome de uma felicidade incerta. Mas depois estamos num barco sem rumo no meio de uma tempestade, estamos num túnel sem iluminação nem saída, e o nosso elástico estica cada dia mais.

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