Destes dias de Fevereiro
Recebi a carta do prémio sábado. Fiquei feliz mas entre o riso e as lágrimas, num misto de felicidade pelo que de tão bom já fiz e de tristeza e descrença por não imaginar ser possível sentir-me tão desiludida e desanimada como me tenho sentido naquela universidade. Como se pode ser tão triste num sítio onde já se foi tão mas tão feliz? Falar mais sobre os últimos dias é falar de calma mas de uma calma que vem com tristeza, nostalgia, descrença, falta de fé e de esperança. É falar de sentimentos e emoções que me deixam exausta e sem espaço para mais nada. É falar de tudo o que penso, imagino, sinto, espero, desejo e tenho medo. É falar de um semestre que está para chegar no qual não consigo depositar muitas esperanças. É falar dos meus pais, da falta indescritível que me fazem, do quanto isso me tira força, fé, suporte e energia e do quanto isso me faz sentir zangada com eles. É falar da conversa que tive domingo e da raiva que sinto por não conseguir transmitir o que sinto e por não me sentir compreendida. É falar de milhões e milhões de emoções que a vida não me deixa ignorar. É falar da tentativa que faço, todos os dias, para acreditar que poderei voltar a ser filha e irmã. Da tentativa que faço todos os dias, para acreditar que o sol voltará a brilhar em mim. Da tentativa que faço, todos dias, para acreditar que a vida me tem uma pessoa reservada que me vai entregar em forma de amor. Da tentativa que faço, todos os dias, para não desistir da paz que quero e dos sonhos que me fazem respirar.