Há (des)amores para a vida?
Não sabia se algum dia ia voltar a escrever sobre isto, sobre ele, sobre esta história. Achei que não mas hoje faz-me sentido. Já passou tanto. Já passaram tantas coisas, tantos dias, tantas semanas, tantas vidas, tantas pessoas. Já passou tanto tempo. Já achei tantas vezes e durante tanto tempo que estava tudo curado... e na verdade quero acreditar (e acredito) que sim. Mas depois ele volta sempre. Mas depois há sempre uma frase, uma palavra, um momento que são gatilho para o passado. Mas depois há sempre uma conversa, uma passagem, uma lembrança e volto atrás. Mas depois seguimos como se nada tivesse acontecido e o meu coração às vezes lança um cartão vermelho. Mas depois há sempre ele, que vai e volta e está sempre lá. Mas depois há sempre o meu medo de ter de o ver ao lado de outra pessoa. De voltar a isso. De voltar a ter de lidar com isso. É verdade... em grande parte é verdade que estou curada. Passararam-se anos desde a conversa que foi o princípio do fim. Anos, acontecimentos e muito pelo meio. Deixou de doer. É verdade que deixou de doer. Também não conseguia continuar a viver assim. Curou. Deixou de doer. Mas caramba. Depois basta um dia, uma frase e uma associação de ideias que o coloca ao lado de outra pessoa e eu deixo de ser racional e viro doida. Lá está. Quero muito acreditar e acho que estou curada... mas volta e meia lá aparecem estas nuvens negras e carregadas para me lembrar que se calhar não está tudo tudo curado. O tempo passa. A dor passa. A calma vem. A paz vem. Mas depois continuo a ser humana, a ter coração, a sentir tudo e basta uma ideia para me virar do avesso. Hoje tive vergonha do que senti. Hoje estupidamente e sem qualquer motivo senti ciúmes. Ciúmes de alguém que não tem nem teve qualquer compromisso comigo, que nunca me prometeu nada, que nunca me entregou nada. Ciúmes de alguém que é livre e não me deve nada. Ciúmes nem eu sei bem de quem. Ciúmes da ideia de outas pessoas. Reagi a isso e fiz mal. Acho que fiz mal. Caramba. Só queria voltar a sentir-me e continuar a sentir-me em paz. Só queria estar certa de que nada acontecerá em mim se (e quando) o vir a viver um amor com outro alguém. Só queria estar certa de que vai significar zero para mim vê-lo seguir. Só queria que a vida me desse uma oportunidade de seguir eu em frente. Só queria a certeza de que estas nuvens não voltariam mais. Bolas. O (des)amor tem mesmo de ser assim tão difícil? Tem mesmo de ser assim tão duro? Já era tempo de passar. Passar com a certeza de que não volta mais.