Medo de amar
Um dia, numa fase em que andas sensível e a precisar ainda mais de colo e amor, levas com este texto e é um murro no estômago que dói até à alma. Não me conheço sem ter medo, ponto, e nunca vou conseguir deixar de ser assim. Mas isso não pode impedir o amor, não pode mesmo. Tentarei não mais esquecer este texto. ["Por medo perdi o homem que amava e que me amava! Agora tenho medo de atravessar a estrada e cada vez que a atravesso lembro-me dele… e que poderia ter atravessado muitas estradas com ele…Ainda hoje, talvez fosse possível fazê-lo de mãos dadas com ele… apoiando-nos um no outro! Se não tivesse tido medo!” Fiquei sem palavras. Sem saber o que dizer ou fazer! Apeteceu-me abraçá-la! Que aprendizagem! Por fim, ela disse: “Não tenha medo! A vida é e já não é!” Despediu-se de mim, e muito devagarinho, com passinhos pequeninos, um atrás do outro, via-a desaparecer na escuridão da noite! Até hoje recordo-me das suas palavras sempre que sinto medo do que quer que seja! "O medo serve para nos defender e proteger, mas quando se trata de Amor, pode atrapalhar e muito… ao ponto de o fazer acreditar que é melhor estar sozinho. E o medo, não nos ama, não é companheiro, não cuida, não partilha, não conversa, não dá colo, não sorri connosco… Aparece e desaparece, enquanto que um verdadeiro companheiro está lá quando mais precisamos e também quando não precisamos."] in Revista Visão - http://visao.sapo.pt/opiniao/bolsa-de-especialistas/2017-09-14-O-Amor-ou-o-Medo-