Outra vez os barcos e os domingos
Tenho um texto por escrever sobre o fim das minhas aulas e o quão bonitos e especiais foram estes meses naquele espaço mas ainda não o consegui fazer. A vida tem andado a testar-me e tem escolhido a dedo os domingos. E é a tese e as voltas e voltas e voltas da tese, e são os meus e as dores de cabeça deles e minhas, e é a viagem que o meu pai tem de marcar, e é o café e as milhentas dores de alma e de cabeça que ele significa.. e raios, eu fico assim https://mangalima.blogs.sapo.pt/para-onde-vao-os-barcos-que-construimos-35190....e assim https://mangalima.blogs.sapo.pt/barcos-de-domingo-38730 sem saber para onde vão os barcos que construímos quando estamos tristes, profundamente tristes, e a vida nos parece uma sucessão de obstáculos e testes e desafios e dores de alma e coração. Fico assim, sem saber para onde vão os barcos que construímos quando estamos tristes.. e continuo a ter de passar aquela porta branca e aquele portão verde... e mais de dois anos depois continuo a atravessar aquele espaço e as lágrimas continuam a dizer-me que aquele já não devia ser o meu (o nosso) lugar há muito, muito tempo. E o cansaço já é tanto, e a sensibilidade já é tanta (e se calhar as hormonas e os ciclos e esta coisa de se ser mulher também não ajuda muito) que pronto, qualquer coisinha ou às vezes até nada, é o suficiente para desabar. E pronto, e depois uma pessoa tem de se tentar salvar sem saber muito bem como.. e tem voltar a respirar e respirar fundo... e tem de conversar com calma e ver o que se pode fazer... e tem de ser racional... e tem de ter um raio de uma força maior que o mundo para levar com tudo e ainda assim ser racional e analisar as coisas e ver o que pode ser feito... Caramba, fico exausta. À falta de melhor, fui. Conduzi e conversei e falei e chorei e parei o carro no meio daquela estrada tão especial e tão mística entre as duas igrejas e acho que no fim da conversa fiquei um bocadinho melhor. E depois parei. E depois subi até à igreja e nunca o tinha feito, nunca tinha subido a pé, e lá fui respirando. Há dias assim... hoje parei o carro entre as duas igrejas e tive a conversa possível e chegamos às soluções possíveis, e nunca o tinha feito. E caramba, estava tudo tão difícil e tão doloroso... e caramba, é tanta coisa e tantos novelos e tantos fogos para apagar e tantos assuntos urgentes a resolver. Hoje subi a pé até à igreja e nunca o tinha feito. Hoje o mundo acabou e recomeçou algumas vezes e nem as minhas lágrimas eram suficientes para exprimir o cansaço, o desgaste, o desânimo, o desalento.... a vontade imensa e profunda de que tudo seja diferente. Há-de ser. Eu gosto de barcos mas, caramba!, já chega de não saber para onde vão os barcos que construímos quando estamos tristes... já chega de passar a porta branca e o portão verde... é tempo de mudar tudo.