Voltar de férias
Voltamos hoje e foi bom, foi muito bom até. Deu para apanhar ar, sol, sal e derivados. Deu para comer até rebolar. Deu para rir, muito. Deu para dormir pouco porque aqui a donzela só dorme em quartos sem luz e os hotéis não percebem isso. Deu para piscinar, mas pouco que a água era fria. Deu para apanhar ar em todos os sentidos e isso foi muito bom, estava a fazer-me falta. Aliás, tudo o que significar desviar o cérebro para outras paragens me faz falta nesta fase estranha. Apesar de tudo faltaram-me eles e o colo deles, eles deviam estar lá e tinham de estar. O quanto eu precisava e eles queriam estar lá! Custou-me isso e não foi pouco. Apesar de tudo também não me consegui desligar deste coração teimoso e das suas coisas, e lembrei-me muito mais que o que queria ou devia de tudo o que já me custa e dói ao longo do ano. Mesmo assim foi bom, foi muito bom e ainda bem. Porque consegui sentir-me bem apesar de tudo e aproveitar apesar de tudo. Porque há sempre uma ponta de esperança e fé no futuro, na vida e nas certezas que nos faz ter vontade de sorrir e acreditar. Criamos memórias e expressões, rimos com copos partidos e com coisas como "as sobremesas estão em perigo" e tudo valeu a pena.
Voltamos hoje e dei por mim a pensar, pela primeira vez na vida, que afinal esta coisa de fim de férias e início de Setembro pode funcionar como um início de ano em muitos aspetos, sobretudo se nos fizer refletir no que passou e no que esperamos e queremos do ano que está a começar. E eu, que até faço anos nesta altura, nunca vi muito esta fase como recomeço. Sempre tive mais tendência, sobretudo desde que tenho os pais longe, a fazer os resumos do ano e viver os recomeços em Janeiro. Mas hoje, talvez porque quero (muito) que estes dozes meses tragam mudanças daquelas boas que nos deixam a sorrir e com a vida virada do avesso, dei por mi m a pensar nisto. Quero muito mudanças, quero muito surpresas boas e quero muito que a minha vida vire e mude. Só preciso de manter a essência e as raízes, pois quanto ao resto sei que tenho muito por viver e há muito por acontecer. Estou em ano de viver e ver acontecer isso.